
Volume de visitantes internacionais na capital fluminense cresceu 9,9% no ano passado, enquanto o de turistas nacionais recuou 2,3%
Crescimento do turismo internacional no Rio de Janeiro
O movimento do Galeão, no último ano, espelha um fenômeno do qual muitos donos de hoteis, bares e restaurantes cariocas já se deram conta: o volume de turistas internacionais na capital fluminense cresceu. Em 2024, a cidade recebeu 1,4 milhão de visitantes internacionais, o que representa um salto de 9,9% em relação ao ano anterior.
Já o aeroporto Antônio Carlos Jobim, o Galeão, contabilizou 6,7 milhões de desembarques no ano passado, quase o dobro do registrado em 2023. Do total computado no terminal em 2024, 2,3 milhões eram internacionais. E nos dois primeiros meses de 2025, o Galeão computou a marca de 473 mil turistas estrangeiros. Trata-se, segundo o governo federal, do maior volume registrado pelo aeroporto desde 1977.
Impacto da reorganização aérea e atratividade do Rio
O aumento da movimentação no terminal, como todo mundo sabe, é fruto da decisão federal de limitar a operação do Santos Dumont a 6,5 milhões de passageiros por ano, obrigando as companhias áreas a transferir uma porção de voos para o outro aeroporto. Mas também não dá para negar que a maior procura dos turistas internacionais pelo Rio de Janeiro contribuiu com o melhor resultado do Galeão.
Anuário do turismo carioca: dados e origem dos visitantes
Tanto o acréscimo do número de desembarques nesse aeroporto quanto a alta do turismo internacional foram identificados pela nova edição do Anuário do Turismo Carioca, elaborado pelo Observatório do Turismo, órgão ligado à Secretaria Municipal de Turismo (SMTUR-RIO). O documento detalha que o país de onde mais vieram gringos no passado é a Argentina. O segundo lugar do ranking pertence ao Chile, seguido de Estados Unidos, França, Uruguai, Colômbia, Peru, Portugal, México e Reino Unido.
Ferramenta estratégica para o setor turístico
“Mais do que um registro estatístico, este documento é uma ferramenta de inteligência para apoiar decisões estratégicas, fomentar investimentos e impulsionar políticas públicas voltadas à sustentabilidade e à inovação no turismo”, lembra Caroline Brito, gerente do Observatório do Turismo, no prefácio da nova edição do anuário. “Este material está direcionado a gestores públicos, agentes de mercado, pesquisadores, organizações da sociedade civil e demais interessados na compreensão e no fortalecimento do ecossistema turístico carioca”.
Retração do turismo nacional e contexto econômico
A nova edição do anuário não trouxe só boas notícias. Isso porque o turismo nacional apresentou uma leve retração de 2,3%. Foram 9,9 milhões de visitantes em 2024, contra 10,1 milhões no ano anterior. Essa queda é atribuída à conjuntura econômica do ano passado, marcada pela disparada da inflação.
Definição de turista e visitantes locais
Convém registrar que, dessa vez, o levantamento não incluiu na conta do turismo nacional os visitantes de outras cidades fluminenses. Estes passaram a ganhar uma análise à parte. É gente à beça. Falamos de 6,2 milhões de visitantes no ano passado, o que representa um salto de 1,2% em relação a 2023. E faltou falar que a turma que mora nos 18 municípios da região metropolitana, como Belford Roxo, Niterói, Nova Iguaçu e Duque de Caxias, sequer foi considerada, pois dá as caras na capital o tempo todo.
Para o anuário, por sinal, só são considerados turistas os visitantes que permanecem na cidade por um período superior a 24 horas e inferior a 14 dias consecutivos ou 18 dias alternados por mês. Visitantes regulares, como trabalhadores e estudantes, também não entram nas contas do documento.
Estabilidade e estratégias integradas para o turismo carioca
“Apesar da pequena queda no mercado doméstico, o avanço dos segmentos internacional e estadual atenuou a diferença, resultando em relativa estabilidade”, registrou o anuário. “Esses números destacam a importância do equilíbrio entre esses mercados e reforçam a necessidade de estratégias integradas para manter a atratividade da cidade em todos os segmentos”.
Oportunidades e desafios para o setor de bares e restaurantes
Para Fernando Blower, presidente do SindRio, o Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro, o diagnóstico traçado pela nova edição do Anuário do Turismo Carioca traz lições importantes. “Os números apresentados sinalizam que, quando há condições básicas para o turismo, como segurança e boa oferta de voos, o volume de visitantes estrangeiros aumenta”, acredita ele. “A cidade e o estado precisam aproveitar esse bom momento para tornar o turismo local cada vez mais convidativo, pois se trata de um setor que beneficia a região como um todo”.
Ele acrescenta que as pessoas viajam para novos destinos, no geral, de olho em encantos naturais como praias e cachoeiras. O que motiva uma segunda visita, no entanto, é a qualidade das experiências vivenciadas, o que tem muito a ver com o padrão de atendimento ofertado. “O Rio está diante de uma ótima oportunidade para fidelizar essa enorme quantidade de turistas que tem recebido eventos como a reunião da Cúpula do Brics ou o show da Lady Gaga”, diz Blower. “É hora de aprimorar o serviço para garantir que os visitantes saiam satisfeitos, recomendando a cidade para amigos e familiares, e decididos a voltar”