A chef Heaven Delhaye expande seus negócios gastronômicos, unindo-se a uma crescente lista de empreendedores do Rio de Janeiro que abrem bares e restaurantes em São Paulo. A decisão de montar uma filial do bistrô D’Heaven nos Jardins, em São Paulo, segue o sucesso de sua matriz na Barra da Tijuca, no Rio. Outros renomados chefs como Pedro de Artagão, Claude Troisgros e Felipe Bronze também realizaram a ponte-aérea gastronômica para ampliar suas operações e consolidar suas marcas no competitivo mercado paulistano.
A trajetória de Heaven Delhaye: do MasterChef à conquista de São Paulo
Nascida em Petrópolis, Rio de Janeiro, Heaven Delhaye ganhou destaque após sua participação no “MasterChef Profissionais” em 2018, alcançando a semifinal. Aproveitando a visibilidade, a chef inaugurou o bistrô D’Heaven em 2020, no Village Mall, Barra da Tijuca. Posteriormente, expandiu com o Nonna Per Heaven (ParkJacarepaguá) e o Heaven Cucina (Shopping Tijuca e Vogue Square). A aguardada inauguração da filial paulistana do D’Heaven, com foco em culinária francesa, está prevista para meados de outubro, marcando a realização de um antigo sonho da cozinheira em empreender na capital paulista. Com 1,1 milhão de seguidores no Instagram, Heaven Delhaye busca uma “volta à essência” com um restaurante menor e de rua, localizado na Rua Padre João Manuel, 1.105, nos Jardins. O menu incluirá pratos icônicos como o espaguete à carbonara e nhoque frito com mix de geleias.
O fenômeno da ponte-aérea gastronômica: chefs cariocas em São Paulo
A migração de talentos e negócios gastronômicos do Rio para São Paulo é um movimento notável. Felipe Bronze foi um dos pioneiros, inaugurando o Pipo (hoje Casa Pipo) em 2019 no MIS-SP. O chef do Oro, detentor de duas estrelas Michelin, também marcou presença em São Paulo com o Taraz, no Rosewood São Paulo, em 2022, onde atua como consultor gastronômico.
Fernando Blower, presidente do Sindrio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro), destaca a naturalidade desse fluxo: “Nesse ramo, é natural que empreendedores do Rio de Janeiro que estão indo bem enxerguem São Paulo como a segunda praça a ser conquistada e os paulistanos olhem a capital carioca da mesma forma”. Ele ressalta que Rio e São Paulo são os dois maiores mercados de alimentação fora do lar do Brasil. Blower alerta para a importância de um estudo aprofundado da nova praça e um gerenciamento eficaz para evitar a desassistência das operações.
Casos de sucesso e desafios da expansão
A rede Gula Gula, fundada no Rio em 1984, teve uma trajetória de expansão em São Paulo. Após uma primeira tentativa em 2002 (modelo de franquias), a rede retornou em 2019, instalando-se em um palacete próximo à Avenida Paulista, e posteriormente abriu mais duas unidades (Vila Nova Conceição e Shopping Parque da Cidade). No Rio, a rede mantém oito unidades.
Em 2022, Pedro de Artagão replicou o sucesso do Boteco Rainha (Leblon) no Itaim Bibi, que se tornou um fenômeno. O grupo Irajá de Artagão foi adquirido pela holding AlifeNino, com projeção de faturamento de R$ 1,2 bilhão.
Durante a pandemia, Thomas e Claude Troisgros inauguraram uma filial do Chez Claude no Itaim Bibi (setembro de 2020), marcando o retorno de Claude a São Paulo após 26 anos. O Chez Claude paulistano deu origem ao complexo Le Quartier, que inclui o Bistrot du Quartier.
Outros exemplos incluem o tradicional Boteco Belmonte, do Rio, que se aventurou em São Paulo, e o Braca, no Itaim Bibi, única filial do Bracarense de Ipanema. O restaurateur Marcelo Torres, do grupo BestFork, também planeja levar sua marca Nolita Oven & Bar para São Paulo, indicando a continuidade dessa tendência de expansão gastronômica entre as duas metrópoles brasileiras.
