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Peic 2023: queda no endividamento e aumento recorde na inadimplência

Em 2023, a taxa anual de endividamento no Brasil caiu pela primeira vez em quatro anos, marcando uma redução de 0,1 ponto percentual em relação a 2022. Apesar dessa leve diminuição, a inadimplência atingiu um recorde, afetando quase um terço da população. 

Detalhes do endividamento e inadimplência 

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela CNC, revelou que 77,8% da população está endividada, uma escalada em relação aos 58,3% de 2012, o menor índice da série histórica. O endividamento no cartão de crédito também caiu para 86,5%, enquanto o uso de cheque especial atingiu o menor nível desde 2010, com apenas 4,4% dos endividados utilizando este recurso. O comprometimento médio da renda com dívidas ficou em 30% em 2023, uma queda de 0,2% comparado com 2022. 

Variações mensais e anuais 

O endividamento das famílias começou a cair em julho de 2023, mas a última variação mensal do ano registrou um aumento, fechando dezembro com 77,6% de endividados. A inadimplência, por outro lado, alcançou 29,5% dos brasileiros, o maior desde 2010, com 41,2% afirmando não ter condições de pagar as dívidas atrasadas. 

Segundo José Roberto Tadros, presidente da CNC, as melhorias no mercado de trabalho e a queda dos juros básicos da economia influenciaram positivamente as condições de crédito, contribuindo para a redução do endividamento. 

“A Peic mostrou que, pela primeira vez em dez anos, as famílias brasileiras terminaram o ano menos endividadas do que começaram”, aponta o presidente da CNC, José Roberto Tadros. 

Diferença entre inadimplência e endividamento 

 Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, destaca a importância de distinguir inadimplência de endividamento. Ele ressalta que o endividamento é essencial para o desenvolvimento econômico sendo o “crédito o trampolim do sistema capitalista”, enquanto a inadimplência é um resultado adverso, influenciado pela baixa renda e pela volatilidade econômica. 

Distribuição de endividamento e inadimplência por renda e região 

O endividamento se manteve estável entre as famílias com renda até três salários mínimos, mas aumentou entre as que ganham até dez salários. A inadimplência cresceu em todas as faixas de renda, sendo que na comparação com 2022 a maior alta foi entre as famílias que ganham até 10 salários (22,3% em 2023 x 20,8% em 2022) apesar do maior percentual de inadimplentes ainda estar entre os que ganham até 3 salários (37,3% em 2023 x 36,7% em 2022).

“A Peic mostra que o nível de instrução é um dos fatores mais relevantes para determinar a capacidade de pagamento das dívidas”, destaca Felipe Tavares para quem a condição influencia mais o atraso de dívidas, em maior ou menor grau, do que outras características como o gênero e a faixa etária. 

A Região Norte destacou-se com o maior aumento tanto no endividamento quanto na inadimplência, enquanto a Região Sul tem a maior parcela de endividados. 

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