Olhar conjunto: Orla Rio passa a integrar o conselho do SindRio
A concessionária é responsável pelos 309 quiosques praianos do Rio de Janeiro, que recebem 8 milhões de consumidores por ano
O hotel Fairmont Rio de Janeiro deve boa parte da fama às duas piscinas de borda infinita. Estrategicamente, uma delas está localizada na frente do prédio e a outra, na parte de trás — tudo para que os hóspedes tenham direito a sol, se o tempo ajudar, o dia todo. Inaugurado em 2019, o hotel da Accor foi alvo de um retrofit orquestrado pela arquiteta Patricia Anastassiadis, a mesma que assinou os interiores do Palácio Tangará, em São Paulo.
De olho no glamour brasileiro do anos 1950, ela decorou o Fairmont com poltronas de designers festejados como Sérgio Rodrigues e Jorge Zalszupin. Os 375 quartos, todos com varanda, ganharam piso de cumaru e os banheiros foram revestidos de mármore branco. O hotel ocupa o prédio do extinto Rio Palace, inaugurado em 1980 com um show do Frank Sinatra. A partir de 1996, o edifício de catorze andares abrigou o Sofitel Copacabana, que cedeu espaço para o atual inquilino.
As diárias do Fairmont Rio de Janeiro partem de R$ 1.693. Não hóspedes podem desfrutar da culinária do Marine Restô, o restaurante comandado pelo chef francês Jérôme Dardillac. Outra opção, para essa turma, é se dirigir ao Spirit Copa Bar, voltado para o Forte de Copacabana, ou para o Coa&Co, cafeteria localizada no nível da rua. Em 2022, o Fairmont inaugurou uma alternativa ainda mais democrática para atender todo mundo, o quiosque Tropik, na beira da praia mais conhecida do país.
Apresentado como um beach-club, descortina uma vista e tanto do Posto 6. Delimitado por jardineiras, o quiosque dispõe de elegantes ombrelones com franjas e, à noite, de iluminação indireta. Também a cargo de Dardillac, o menu aposta na culinária mediterrânea, além de oferecer opções para o café da manhã.
A sofisticação do Tropik serve de prova do quão amplo está o leque de opções gastronômicas na orla carioca. E indica a que ponto chegou a Orla Rio, a concessionária responsável pela operação e manutenção dos 309 quiosques localizados nas praias do Rio de Janeiro. A concessão começou em 1992, mas a história da companhia remonta a 1962. Foi quando João Barreto, o fundador da empresa, montou o Jonn’s, uma barraca de cachorro-quente, na então deserta Praia da Barra da Tijuca.
Corta para 1991, quando a empresa começou a montar os primeiros quiosques de praia propriamente ditos. Em 1995, a Orla Rio obteve uma conquista e tanto: a liberação de mesas e cadeiras nos calçadões das praias. Em 1999, a companhia venceu a licitação para operar e garantir a manutenção de todos os quiosques à beira-mar. De 2000 em diante, eles começaram a ser modernizados, dando origem à plural oferta de hoje em dia. Há desde quiosques comandados por sorveterias, a exemplo da Bacio di Latte, até o incensado Sel d’Ipanema Beach Club, que aposta na chamada modern mexican cuisine.
Que os quiosques fazem parte, cada vez mais, da rotina dos cariocas e dos turistas ninguém duvida. Mas nem sempre foi assim. Uma pesquisa da Orla Rio de 2000 constatou que, naquela época, só 6% da população da cidade saia de casa em direção a empreendimentos do tipo. Na última vez que esse levantamento foi feito, em 2016, esse percentual subiu para 67%. “Cada vez mais, os quiosques são vistos como destinos e não como locais de passagem”, afirma João Marcello Barreto, presidente da Orla Rio e filho do fundador. “As pessoas se programam para ir até eles”.
A cada ano, estima a companhia, os quiosques praianos do Rio de Janeiro são frequentados por 8 milhões de pessoas — eles se espalham por 34 quilômetros de orla. “Nosso papel é garantir uma curadoria que contemple os mais diversos perfis de consumidores e sempre aprimorar as estruturas disponíveis, de olho na melhoria da experiência dos frequentadores”, acrescenta Marcello Barreto.
Recentemente, a Orla Rio passou a integrar o conselho do SindRio, o Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro, que já representava o segmento. A aproximação com a Orla Rio visa potencializar a atenção dada aos quiosques. “Eles formam um segmento importantíssimo do nosso setor”, diz Fernando Blower, presidente do SindRio. “São muito simbólicos para a cidade e representam um papel enorme no turismo. Não há visitante, afinal, que não passe pela orla e pare para tomar um chope, um coco ou até mesmo para uma refeição completa”.
“A sinergia institucional do SindRio com a Orla Rio terá o poder de trazer muitos ganhos para o setor de alimentação fora do lar, principalmente em razão do olhar específico para determinadas características da operação dos quiosques. Várias normas que funcionam para estabelecimentos convencionais, como as regras trabalhistas, deverão ser repensadas para os quiosques, em função, por exemplo, da latente sazonalidade, uma vez que o movimento nas praias se dá principalmente nos finais de semana e nos meses do verão” – complementa Blower.