BARES E RESTAURANTES CORREM RISCO DE QUEBRAR
Na esteira da pandemia do coronavírus, o setor de bares e restaurantes é um dos mais afetados, mesmo com a reabertura restrita dos estabelecimentos, alguns sucumbiram e fecharam. Segundo levantamento do Sindicato de Bares e Restaurantes do Estado do Rio de Janeiro (SindRio), o Bar Leo, duas unidades do Ráscal (CasaShopping e Rio-Sul), o Laguiole Lab, Puro, Aconhego Carioca (Leblon), a cervejaria Yeasteria, o restaurante Zuka e o Espirito Santa, foram alguns dos estabelecimentos que encerraram suas atividades. E o temor do SindRio é que essa “quebradeira” atinja mais bares e restaurantes no estado.
“A crise do coronavírus foi um tsunami para o setor. Antes da crise, tínhamos 110 mil empregos diretos na cidade do Rio. Estimamos que pelo menos um quarto destes empregos foI perdido. Além disso, pelo menos 10% fechou de vez e não abre mais. Um terço, pelo menos, não conseguirá abrir. A não ser que mude algo muito significativo para que o crédito chegue ao pequeno empresário”, afirmou Fernando Blower, presidente do SindRio.
Para se ter uma ideia, de março até julho foram fechados 28,7 mil postos de trabalho no estado. E qual seria a alternativa para o setor? Segundo donos de estabelecimentos, que resistem como podem à crise, seria um refinanciamento de dívidas antes mesmo de serem inscritos da dívida ativa.
Isso porque o Refis do Simples, promulgado pelo governo federal em agosto, deixa de fora os bons pagadores e contempla os donos de estabelecimentos que estão inscritos na dívida ativa da União. Os que foram impactados pela pandemia de coronavírus – e estão com os impostos em atraso desde março – ficaram de fora do programa.
“Paguei 12 anos de impostos em dia e não recebo apoio do governo? Se não tivesse pago e botasse na poupança, agora pagaria somente 30% das dívidas tributárias sem multa e sem juros”, critica Ricardo Linck do Maya Café.
A linha de crédito do Pronampe, que injetou R$ 15,9 bilhões nos bancos para serem emprestados a pequenos e médios negócios, é criticado por Linck. “Não há lógica em pegar dinheiro emprestado, leia-se fazer dívida, para pagar meses de Simples em atraso. Mais adiante estarei com o imposto e o empréstimo bancário para pagar”, diz.
A falta de um sistema de parcelamento para quem ainda não está inscrito na dívida ativa também é ressaltada por Silvia Perez, do tradicional Salete, na Tijuca: “O governo quer que a partir de outubro bares e restaurantes passem a pagar os meses em atraso mais o mês corrente. Nós não vamos ter essa condição e vários vão entrar em dívida ativa e podem sair do Simples Nacional, o que pode ocasionar uma quebradeira total”.
“O Salete tem 63 anos e é patrimônio cultural carioca. Estamos com medo de não resistir sem ajuda”, lamenta Silvia.
Fonte: Jornal O Dia